sexta-feira, 23 de março de 2012

Um refúgio para si

Dentro de todos os seres, há uma fonte inesgotável de luz. Alguns a chamam Buda, Mestre Interno, Deus. Outros ainda, de Amor.

Todos possuem esta luz e não haveria necessidade alguma de buscá-la fora, tendo visto que é a nossa essência real mais profunda. Mas que seria esta Luz senão a própria consciência? A Luz é a Sabedoria e saber derivou-se de sabor. A consciência é o instrumento de experimentação do Universo Manifesto. Nossa consciência é o paladar da divindade experimentando o sabor da vida.

Tem sabedoria quem saboreia a existência, quem está pronto para correr o risco de experimentar. Necessário é aplicar abundante energia para decifrar os enigmas do existir. Esta energia é aplicada na atenção.

Quando entramos na vida material, nos foi dada a lanterna da atenção mental. A vida é como um grande salão mergulhado em trevas. Vamos descobrindo o que há neste recinto movimentando a lanterna da atenção e para onde quer que a apontemos, revelamos um aspecto a mais de nossa vida objetiva e subjetiva, e assim podemos evitar o que produz sofrimento e trazer à Luz da consciência aquilo que nos serve para produzir paz, saúde e felicidade.

Estudando detidamente a própria vida poderemos passar para outro recinto, afinal muitas são as moradas na Eternidade.

Ninguém pode acender a luz por você, nem apagá-la, visto que mesmo a morte não tem poder algum sobre ela. Você está sozinho neste processo. Mesmo quando nos agrupamos para a prática da contemplação meditativa, somente você pode acender esta luz e direcioná-la para a investigação dos múltiplos fenômenos. Mesmo quando a meditação é conduzida por outra pessoa, o que está acontecendo dentro de você permanece sempre no campo da intimidade, do subjetivo, do que não pode ser compartilhado nem encerrado nas palavras.

Buddha, em seu último sermão, às portas da Eternidade, declarou aos seus amigos:

“Sejam ilhas de vocês mesmos; sejam refúgio para vocês mesmos. Não tomem ninguém como refúgio de vocês. Sigam estritamente a verdade (...) Aferrai-vos fortemente à Verdade e dela não se separem jamais. Sejam suas próprias luzes, não se deixem guiar pelos ritos ou por qualquer pessoa que se diga mestre. Só há um caminho – a Verdade. As palavras que ouvirem, vocês devem analisá-las detidamente para saber se são corretas. Não se enganem nem se deixem enganar um só momento.”

Estas foram as últimas palavras de Buddha. Não existe Salvação fora da Verdade. Ela é o caminho, ela é a vida. Verdade é o que está dado a ver. Aplique a luz da consciência com equanimidade e energia, e então tudo estará claro e límpido.

A verdade não pode ser declarada. Diante da pergunta: “o que é a Verdade?”, Cristo também silenciou, pois ela não pode ser dita.

A Verdade só pode ser experimentada, saboreada, efetivamente vista através de seus olhos espirituais.

Aplicai-vos com afinco nesta descoberta e a Verdade vos libertará.

Tomo refúgio na Verdade!

Tomo refúgio na Sabedoria!

Tomo refúgio no Amor!

Vida Plena!

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